Sabino convoca seletistas e comissionados para tentar apagar incêndio político antes do 1º ano de mandato

(Foto: Josemário Alves - Apodi 360)

Era para ser lua de mel. Mas, com apenas seis meses à frente da Prefeitura de Apodi, o prefeito Sabino Neto parece já estar enfrentando os primeiros sinais de crise interna, e o sintoma mais evidente disso foi uma rodada de reuniões com os cargos comissionados e seletistas da gestão.

O objetivo? Cobrar empenho, lealdade e “sintonia” de sua própria base.

O que mais chama atenção não é o pedido em si, mas o timing. Sabino mal completou meio ano de gestão, e já se viu obrigado a reunir seus aliados mais próximos para reforçar o discurso, tentar animar a tropa e rebater rumores de racha. Isso num momento em que, tradicionalmente, qualquer novo prefeito ainda surfa no entusiasmo da eleição. 

Em tese, seria o período da popularidade em alta, da confiança cega, da fase em que o gestor recém-eleito ainda é visto como salvador da pátria, e não como alguém que precisa convocar reuniões para pedir que falem bem dele. 

A leitura política é simples: há ruídos dentro do grupo e há desgaste externo. E o prefeito sabe disso. 

Bacuraus divididos e críticas de todos os lados 

As reuniões, feitas de secretaria em secretaria, não incluíram os servidores efetivos. Foram direcionadas apenas a quem ocupa cargo por nomeação ou contrato, ou seja, gente que, em tese, deveria já estar automaticamente engajada na defesa da gestão.
 
O fato de Sabino precisar “lembrar” essas pessoas da importância de defender o governo nas ruas e nas redes sociais escancara uma fragilidade no comando político e uma possível falta de conexão entre o prefeito e sua própria equipe. 

Pior: as críticas à administração não têm partido apenas da oposição. Dentro do próprio grupo Bacurau há insatisfações crescentes com o modo como Sabino tem governado.

Falta diálogo, decisões são tomadas de forma centralizada e por pessoas externas ao Gabinete, deixando figuras históricas do grupo sentindo-se excluídas do processo. O estilo do prefeito tem gerado desconforto mesmo entre aliados que ajudaram diretamente a elegê-lo. 

Autonomia ou isolamento? 

Em uma das falas mais contundentes nas reuniões, Sabino disparou que tava cansado de receber nome lá de cima pra votar, e que desta vez, quem vai escolher é ele. A declaração é um recado direto ao seu grupo político, deixando claro que não aceitará imposições externas e quer ter total controle sobre quem apoiar nas próximas eleições. 

No entanto, o que pode soar como afirmação de liderança, também pode ser lido como sintoma de isolamento político. Em um cenário onde a própria base já demonstra fissuras, assumir o controle absoluto das decisões eleitorais sem ouvir os caciques do grupo pode aprofundar o racha, justamente o que o prefeito tenta negar quando diz que “a situação não está rachada”. 

O começo de um fim precoce? 

As reuniões das últimas semanas foram menos sobre motivar e mais sobre conter danos. Se com apenas seis meses no cargo, Sabino já se vê obrigado a realizar esse tipo de movimento, o que esperar dos próximos dois ou três anos? 

O desgaste precoce preocupa. A falta de habilidade para lidar com as críticas internas e a necessidade de reforçar um discurso de unidade, que já não se sustenta, são sinais claros de que algo na engrenagem política da gestão não está funcionando. 

O eleitor apodiense talvez ainda não tenha decidido se Sabino está no caminho certo ou não. Mas uma coisa é certa: o governo que deveria estar em clima de entusiasmo e aprovação plena já sente o peso da cobrança, e isso diz muito sobre o que está ou não está sendo entregue até agora.

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