Oposição de Apodi some entre eleições e desperdiça chance de crescer com desgastes da gestão

(Foto: Arquivo - Campanha 2024)

Em Apodi, a política segue seu curso natural, mas a oposição parece estacionada no tempo. Desde a posse do prefeito Sabino Neto (MDB), o que se esperava era uma atuação mais vigilante e estratégica por parte dos grupos opositores, que historicamente servem como freio, contrapeso e, acima de tudo, como uma alternativa ao governo vigente. 

No entanto, o que se vê é um cenário de inércia, silêncio e passividade preocupante. 

A gestão Sabino, como qualquer administração pública, vem enfrentando desafios desde o início. Há atrasos, críticas e insatisfações pontuais que, em outros municípios, já teriam alimentado o discurso oposicionista e impulsionado articulações políticas mais intensas. 

Mas, em Apodi, essas lacunas do governo são desperdiçadas por uma oposição que se limita a publicações nas redes sociais e reuniões esporádicas. 

Na prática, o que os apodienses têm percebido é que a oposição em Apodi se divide em dois blocos distintos e descoordenados: um liderado pelo sindicalista Agnaldo Fernandes, atual presidente do PT, e outro encabeçado pelo ex-candidato a prefeito Gyliard Oliveira (PSD). 

Ambos, mesmo com trajetórias políticas distintas, têm um ponto em comum: a falta de presença concreta no debate público e na atuação fiscalizadora. 

E não se trata apenas desses nomes. Os próprios vereadores que se dizem de oposição também não fogem desse cenário. Alegam estar fazendo uma “oposição responsável”, termo que, na prática, tem servido como justificativa para a ausência de enfrentamento direto e de ações mais contundentes no plenário e fora dele. 

A responsabilidade, claro, é sempre bem-vinda na política, mas quando se transforma em omissão, perde seu valor democrático. 

Não se trata de fazer oposição por oposição. Mas sim de estar presente, de questionar, propor, fiscalizar com firmeza e coerência. 

O que se observa em Apodi, no entanto, é uma oposição que evita desgaste, evita se comprometer e, com isso, também evita cumprir seu papel. E assim, o Executivo segue governando sem grandes resistências. 

Essa ausência de oposição efetiva cria um vácuo perigoso para a democracia local. O debate público enfraquece, a fiscalização das ações do Executivo se torna frágil, e a população perde em representatividade. 

Uma oposição forte não é apenas importante para quem deseja chegar ao poder, mas essencial para a saúde da administração pública e para o equilíbrio entre os poderes. 

O problema é crônico: em Apodi, a oposição costuma acordar apenas em períodos eleitorais. Surge com promessas, com slogans e discursos inflamados, mas passa os anos entre uma eleição e outra em silêncio, sem presença nos bairros, sem diálogo com as bases e sem articulação concreta. 

Quando tenta ressurgir, já perdeu espaço, credibilidade e capacidade de mobilização. 

Enquanto isso, a gestão atual, mesmo com seus problemas, governa praticamente sem contestação. E a democracia, que deveria ser feita de contrapontos e pluralidade, acaba empobrecida pela ausência de um grupo político que realmente queira exercer a função de oposição, não só nas urnas, mas no cotidiano da política apodiense.

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