Nomeações escancaram que MDB já comanda bastidores do governo e que PT não dar conta de se manter no poder sozinho

(Foto: Arquivo da campanha 2022)

OPINIÃO, por Josemário Alves

Por trás da nomeação do ex-prefeito de Apodi, Alan Silveira (MDB), como novo secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, há muito mais do que apenas um reforço técnico para a equipe do governo Fátima Bezerra. O que se desenha nos bastidores é uma estratégia política cirúrgica e antecipada, orquestrada pelo PT e pelo MDB, mirando as eleições de 2026, sobretudo, a candidatura da própria governadora ao Senado. 

Alan, jovem liderança do interior potiguar, chega ao alto escalão do governo estadual com o carimbo do MDB e as bênçãos de Walter Alves, vice-governador e presidente estadual do partido. Ele não será o único: o ex-prefeito de Lagoa Nova, Luciano Santos, também do MDB, deve ser o próximo nome empossado no secretariado estadual. 

Mas, por que agora? E por que tantos emedebistas em um governo que, teoricamente, é do PT? 

A resposta está nas movimentações pré-eleitorais e no tabuleiro de poder que começa a ser redesenhado. Fátima Bezerra não poderá disputar novo mandato como governadora, mas tudo indica que pretende concorrer ao Senado. E para isso, precisa urgentemente da força do MDB, partido que comanda mais de 40 prefeituras no RN e tem presença capilar no interior, onde o PT tem menos tração. 

Em outras palavras: o PT sozinho não dá conta da missão.

A presença de Alan Silveira no governo é o primeiro sinal público de que o MDB já está no comando e que a governadora está antecipando sua dependência política em troca de apoio eleitoral futuro. 

“Engole agora, cospe depois” 

(Foto: Arquivo da campanha 2022)

A própria aliança entre Fátima e Walter Alves nas eleições de 2022 não foi um mar de rosas. Muitos apodienses da ala bacurau, que precisaram votar no PT por causa de Walter, ouviram essa frase no pleito passado: “o PT vai engolir Walter agora e cuspir depois”.

Na época a afirmação polêmica repercutiu como tendo sido dita por lideranças do PT no Estado. Se foi verdade, nunca ninguém provou, mas também ninguém nunca desmentiu publicamente. O que dava pra entender era que o MDB era um mal necessário, útil para vencer, mas descartável após a vitória. 

Só que o MDB não só ficou, como cresceu. E hoje, com Fátima em vias de deixar o governo em abril do próximo ano para concorrer ao Senado, quem assume o comando do RN é ninguém menos que Walter Alves. 

A nomeação de Alan, nesse contexto, é um símbolo da virada de jogo: o MDB não é mais só vice, está assumindo a caneta antes mesmo da posse do seu governador. É o MDB “dando as cartas”, com Fátima apostando todas as fichas na própria eleição ao Senado, mesmo que isso implique abrir mão de espaços estratégicos dentro de seu governo para um aliado que foi visto com desconfiança no passado. 

Cadu Xavier: o “plano B” silencioso 

(Foto: Josemário Alves - Apodi 360)

Enquanto isso, o nome de Cadu Xavier, o pré-candidato do PT ao governo do estado, permanece discreto. A avaliação nos bastidores é que o PT aposta todas as suas fichas em Fátima ao Senado. Se Cadu crescer, ótimo. Mas o foco da engrenagem política do partido está no sucesso eleitoral de Fátima, e para isso, o MDB virou peça-chave.

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